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Processos de elaboração de vinho

“Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol.”

 Pablo Picasso

 

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Foto: Flickr

 

Em nosso artigo anterior, conhecemos um pouco sobre o vinho do Porto. O vinho do Porto, assim como Banyuls e o Maury, produzidos no sul da França, o Jerez espanhol e o Madeira português são o que chamamos vinhos fortificados. Entende-se por fortificados os vinhos que levam em sua elaboração uma adição de álcool – nesse caso, uma aguardente vínica. Esse processo aumenta o teor alcoólico do vinho. Além disso, tem o poder de matar as leveduras, interrompendo a fermentação. Isso faz com que parte do açúcar que seria transformado em álcool continue presente na bebida, dando um sabor mais doce ao vinho.

Existem inúmeros métodos para elaboração dos vinhos. Como no caso do Recioto, na Itália, elaborado com uvas parcialmente secas. As uvas são colhidas normalmente e postas para secar sobre esteiras ou em caixas de madeira e só depois são vinificados. Esse processo é conhecido como “apassimento”, do qual resultam apenas vinhos doces.

Ainda pouco conhecidos no Brasil, os “vin jaune” (vinho amarelo) e o “vin de paille” (vinho de palha) são bons exemplos de diversidade nos processos de elaboração dos vinhos. Produzidos na região do Jura, localizada entre a Bourgogne e a Suiça, um dos mais antigos vinhedos da França. Foi nesta cidade que Louis Pasteur descobriu as causas da fermentação alcoólica, e onde nasceu Rouget de Lisle, compositor da La Marseillaise, o hino da França.

Podemos dizer que o “vin jaune” é a versão francesa do Jerez Fino, porém menos alcoólico. As uvas para a elaboração dos vinhos brancos na região do Jura são a Savagnin e a Chardonnay, ali chamada de Melon d’Arbois.

A apelação Château-Chalon é o berço do “vin jaune” (vinho amarelo) e dedica-se somente a este vinho. Elaborado exclusivamente com a uva Savagnin, o “vin jaune” não apresenta doçura aparente. Após a fermentação, o vinho jovem é amadurecido em barricas antigas, que não são cheias até a borda. O que resulta em uma rápida oxidação, que conduz à multiplicação das leveduras. Após a fermentação, as leveduras formam uma capa (voile) sobre a superfície do vinho, que não só o protege do oxigênio como também transmite aroma e gosto muito especiais. Essas mesmas leveduras também conferem ao vinho o tom que vai de amarelo-escuro a dourado-brilhante.

O “vin jaune” precisa envelhecer por seis anos e três meses, tempo durante o qual uma parte do vinho evapora. Esses vinhos são engarrafados em “Clavelins”, garrafa típica desta apelação. Devido ao baixo rendimento e elaboração dispendiosa, o “vin jaune” não é um vinho barato. Porém, tem grande capacidade de envelhecimento, podendo chegar a 100 anos. Seco, com notas de nozes e amêndoas, apresenta acidez picante e sabor de especiarias. Perfeito como aperitivo, acompanha frutos do mar e queijo Comté.

Nos “vins de paille” (vinhos de palha), as uvas são colhidas em sua maturação plena. Tradicionalmente, as uvas eram espalhadas para secar em esteiras de palha, método semelhante ao do Recioto. Esta forma trazia inúmeros problemas, principalmente a possibilidade de apodrecimento das uvas. Hoje, as uvas são colocadas sobre suportes de arame ou estrados de madeira, ou numa caixa com buracos, deixando secar em local mais quente possível. Quando as uvas perdem grande parte de água, o que pode demorar três meses, são prensadas e fermentadas. A fermentação lenta que termina naturalmente proporciona um vinho naturalmente doce, entre 14,5° e 17° de teor alcoólico. Apresenta aromas de frutas cristalizadas, ameixas secas, mel, caramelo ou laranja cristalizada. É ideal como digestivo e para acompanhar queijos e sobremesas.

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