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Presença feminina na produção de cervejas nas Ilhas Britânicas

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Foto: Flickr /adulau

Após os festejos “momescos” e de passarmos 2 meses na Bélgica, chegamos à Inglaterra, ou melhor, às Ilhas Britânicas! Pois não se trata somente desse país, e sim de todo o Reino Unido, que, além da Inglaterra, inclui Escócia, País de Gales, Irlanda do Norte.

Ao chegarmos na Inglaterra, fica mais que provado que cerveja é coisa de mulher. Desde que começamos nossos artigos, a presença da mulher na elaboração da cerveja se fez presente, por ser delas a missão de fazer o pão. Nessa época, a água tinha pouca garantia de pureza e a cerveja era a bebida mais consumida para matar a sede e alimentar. Essas esposas cervejeiras (“Alewives”) sustentavam suas famílias com a elaboração da bebida! A cerveja dessas esposas ganhou fama e atraiu as pessoas às suas residências, que foram chamadas de “Ale House”. O sucesso foi tanto que suas casas se tornaram ponto de encontro para beber, tratar de negócios e encontrar amigos. Recebendo, por isso, o nome de “Public House”, dando origem à abreviação “Pubs”, como é conhecido até hoje. Todo esse sucesso não demorou a chamar a atenção do governo, que quis dar sua “garfada”, e a cerveja começou a deixar de ser “coisa de mulher” e passou para as mãos dos homens de negócios. Os fiscais do governo, intitulados “ale-conner”, eram responsáveis por atestar a qualidade das cervejas e fixar o valor a ser pago de impostos ao reino.

Uma das principais características das Ales da Inglaterra eram sua delicadeza, seus sabores e aromas sutis. Com a chegada da Revolução Industrial, esse estilo por pouco não acabou. Graças à união de uma parte de seus apreciadores, que criaram a CAMRA (“Campaing for Real Ale”) que tem como intuito conservar a “ale verdadeira”, fermentada em barril e feita com ingredientes frescos e naturais, além de não ser filtrada nem pasteurizada.

Porém, a Revolução Industrial chegou e caminhou lado a lado com a indústria cervejeira! Mais barata que as artesanais, e em alguns casos melhores também, as cervejas industriais atingiram  em cheio o mercado, deixando para trás as cervejas das esposas! Um novo estilo de cerveja surgiu em Londres, a Porter (carregador) e marcou a Revolução Industrial. Conhecida como a “Cerveja dos Trabalhadores”, criada em 1722, a cerveja elaborada por Ralph Harwood em um bairro operário de Londres, era substanciosa, encorpada e nutritiva, para alimentar os carregadores que viviam no bairro. Um fator que contribuiu muito para o sucesso do estilo Porter, foi o fato de ser a primeira cerveja a chegar pronta aos “Pubs”, até então as “real ale” eram enviadas muito jovens para os bares e precisavam maturar.

Nessa mesma época, na Irlanda, Arthur Guinness começou a elaborar uma cerveja mais alcoólica, escura, opaca, amarga e com mais maltes tostados que a Porter, esse estilo passou a ser chamado “Stout”. Graças a Guinness, a “Stout” é um dos estilos mais consumidos no mundo. Muito do amargor, especialmente nas “Dry Stout”, vem dos maltes tostados, por isso sua coloração é sempre preta.

Outros dois estilos de cerveja tornaram-se populares em todo Reino Unido: as “pale ale”, leves, mas com presença do malte, e as “india pale ale” que possuem coloração âmbar e toques de maltes levemente tostados, característica frutada, mas com aromas, sabores e amargor do lúpulo bem evidente. Criadas para servir os soldados britânicos, na época da dominação inglesa na Índia, as “indias pale ale” (daí seu nome) tinham uma quantidade maior de lúpulo. O poder bactericida do lúpulo fazia com que a cerveja viajasse melhor e menos contaminada da Inglaterra à Índia. Mais clara e leves que as Porters e Stouts, rapidamente caíram no gosto dos ingleses. O que retardou a chegada das “Lagers” ao reino (além do orgulho inglês que tradicionalmente despreza tudo que vem de fora do Reino). Porém, na segunda metade do século XX, isso começou a mudar. Em 1976, uma campanha publicitária da Heineken anunciava o que estava por vir: uma “premium lager” refrescante e com um design bonito. Pronto, era o nascer do tempo das “lagers” nas ilhas britânicas. Mas a CAMRA não deixou que a tradição das cervejas porters, stouts, pale ale e india pale ale fossem esquecidas e continuam até hoje alegrando os corações de consumidores pelo mundo!

Parabéns a todas as mulheres, e aos homens que sabem reconhecer nosso valor!

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