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Dono do Italia in Baratollo fala sobre sua terra natal

Dono do Italia in Baratollo fala sobre sua terra natal 2
Giuseppe Alagia traz os sabores da Itália aos moradores do Recreio | Foto: Gabriela Martins

O italiano Giuseppe Alagia é conhecido no Recreio  por seu negócio, o “Italia in Barattolo” – que significa “Itália no pote”. Em sua terra natal, ele trabalhava em uma vinícola e estudava enologia na Universidade de Foggia. Mas a crise econômica na Europa o trouxe, junto com a esposa, para o Recreio. Aqui, Giuseppe vende antepastos feitos a partir de receitas de família.

-As ruas internas, com poucos carros, me recordam a tranquilidade da pequena cidade em que nasci – Lauria, na região da Basilicata, na Itália. Essa característica de cidade pequena pode ser desfrutada na maioria das ruas do nosso bairro – comenta ele.

Por que você decidiu vir para o Brasil?
Minha esposa é brasileira e há muitos anos eu sonhava em morar no Brasil. Nós morávamos no sul da Itália onde eu trabalhava em uma vinícola e estudava enologia na Universidade de Foggia. A crise econômica na Europa foi o empurrão que precisávamos para vir para cá.

Você continua indo ao seu país? Com que frequência?
Nos últimos quatro anos, só fui uma vez, no ano passado, mas pretendo voltar em breve para que meus pais tenham a oportunidade de conhecer a Melissa, minha filha que tem nove meses e “conversa” quase todos os dias com os avós pelo Skype.

Em fevereiro, é celebrada a imigração italiana. O que os italianos trouxeram de bom para o Brasil na sua opinião?
Em primeiro lugar, sem nenhuma sombra de dúvida, a gastronomia italiana! Amo a culinária brasileira, mas modéstia à parte, nossos queijos, salames, presuntos, pães e pizzas são deliciosos. Meus antepastos são receita de família e meus clientes italianos dizem que são quase idênticos aos produtos artesanais da nossa terra. Só seriam mais gostosos com os produtos da horta do meu pai e com o azeite que ele também prepara uma vez por ano com as oliveiras do nosso terreno. Além da culinária, muitas tradições foram trazidas pelos imigrantes italianos, contribuíram na língua, na arquitetura, no modo de vida, entre outros. Como exemplo, o ato de se despedir com a palavra “tchau” (“ciao” em italiano), o costume do café expresso (muito amado pelos italianos) e a tradição do gnocchi da fortuna.

Você fabrica antepastos desde setembro. Tem planos para o seu trabalho?
O sucesso em apenas três meses nos surpreendeu, pois a aceitação foi excelente. Começamos com apenas um sabor e ampliamos nossa linha de produtos para três sabores: berinjela, abobrinha e pimentão vermelho. Tenho planos de criar alguns sabores com produção limitada como geléia de pimenta, sardella e fazer um teste com antepasto de jiló. Apesar da demanda estar aumentando, não pretendo aumentar a produção para não perder a característica artesanal dos meus produtos. Tudo é feito por mim: da seleção dos ingredientes, passando pelo preparo, envase, colocação da etiqueta e entrega. Minha esposa se ocupa das vendas e publicidade no Facebook. Conciliamos todo esse trabalho com nossos empregos. Quando não estou preparando os antepastos, trabalho como mecânico de helicópteros.

O que você gosta mais no Recreio e o que acha que deveria ser melhorado?
Gosto do sossego, das ruas internas com pouco tráfego, de morar perto de uma das praias mais bonitas do Rio, de ver jacarés e capivaras quando faço um passeio de bicicleta. Para melhorar, deveriam aumentar o policiamento no bairro, pois a criminalidade parece ter aumentado nos últimos meses. Outro fator problemático é a poluição do Canal das Taxas e o lixo que o pessoal deixa na nossa praia. Em relação aos serviços, falta ao bairro um hospital com emergência, principalmente pediátrica.

Indicaria o Recreio para algum italiano morar?
Com certeza! O Recreio ainda é um dos melhores bairros da cidade. Minha família e os amigos italianos vêem minhas fotos nas redes sociais e dizem que moro no paraíso. Até no engarrafamento, parado na praia da Reserva, aproveito para mostrar a beleza do bairro.

Você faz parte da Associação Lucana do Rio de Janeiro. O que esta associação significa para você?
Somos uma associação de italianos e descendentes de italianos da Região Basilicata e fazemos parte da Federação das Associações da Basilicata do Brasil (Fabbra). Ela congrega dez associações espalhadas pelos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, representando, aproximadamente, cinquenta mil “paesani”. Com a ajuda do governo italiano, em 2006, compramos nossa sede, que se localiza no Centro do Rio. Ao longo do ano, desenvolvemos cursos de italiano, workshops enogastronômicos, cursos de empreendedorismo para jovens, cursos de informática para idosos e exposição de artes plásticas. É uma excelente oportunidade para socializar e preservar a cultura lucana “nel mondo”.

Serviço

Para compra dos antepastos: www.facebook.com/italia.in.barattolo

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