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Mulheres que Amam Demais: irmandade atende na Barra

mulheres que amam demais
Uma mulher que ama demais tem sua autoestima abalada e acaba se envolvendo em relacionamentos destrutivos | Foto: Divulgação

Maria Cláudia (nome fictício por se tratar de um grupo anônimo) viveu um relacionamento de quatro anos e percebeu que seu companheiro não a desejava mais. Ao invés de aceitar, tentou resgatar um amor que da parte dele já não existia. Arregaçou as mangas: passou a seguir o homem, a querer saber se ele estava com outra mulher, a ligar toda hora para tomar conta e controlar e ter pensamentos destrutivos. Não satisfeita, foi à casa dele e o agrediu.

-Naquele dia, eu parei em um pronto-socorro, conversei com o médico e ao longo da semana percebi que precisava de auxílio. Procurei o grupo Mulheres que Amam Demais Anônimas (Mada), entrei nele há 11 anos, estou em recuperação e hoje por gratidão presto serviço para Irmandade .

A irmandade é para ajudar aquelas que têm dependência de relacionamentos destrutivos que afetam suas vidas, não apenas com homens, mas com filhos, sobrinhos, amigos. Na Barra, são atendidas cerca de 15 mulheres por semana, em reunião fechada que acontece toda sexta e domingo gratuitamente. O grupo foi criado no dia 16 de abril de 1994, em São Paulo. De lá para cá, passou a atuar em mais 16 cidades do Brasil , 11 bairros do Rio (chegou há 15 anos no estado), e ainda em Portugal e México, totalizando 50 reuniões por semana.

QUEM FREQUENTA O MADA?

As frequentadoras têm algumas características em comum: cometem atos insanos como brigas, discussões, agressão física a si e a outras pessoas, são obsessivas, querem controlar os passos do outro, são inseguras, ciumentas, culpam os relacionamentos por não serem felizes, mentem para disfarçar algo de errado na relação, mudam de humor facilmente, sentem muita culpa, raiva, ressentimento, sentem ódio de si, sofrem de doenças físicas por conta de estresse e o principal, têm a autoestima muito abalada. Segundo a autora do livro Mulheres que Amam Demais, normalmente essas mulheres sofreram na infância e acabam repetindo o comportamento na vida adulta.

Monique (nome fictício) tinha essas características antes de frequentar o grupo. Ela conta que namorava homens que sempre a traíam ou que não tratavam ela muito bem, pois inconscientemente queria experimentar os sentimentos negativos dentro de si.

– Eu vivia em relacionamentos destrutivos, com parceiros inacessíveis emocionalmente e que me traziam sofrimento, mas eu era incapaz de sair deles sem experimentar uma depressão mutiladora. Não conseguindo lidar com a perda, eu voltava aos relacionamentos de qualquer maneira. Quando me envolvia com alguém saudável, achava chato e fazia de tudo para viver o desespero, pois amar, para mim, era o mesmo que sofrer – conta ela.

De acordo com .a coordenadora .. de informações ao público da irmandade, a faixa etária das frequentadoras do Mada da Barra varia bastante, desde os 17 até os 70 anos, com ênfase a partir dos 30. Todas relatam histórias muito semelhantes de dependência afetiva e comportamento autodestrutivo.

-A doença é do controle e da obsessão. Segundo Robin Norwood, tal comportamento é resultado de uma infância infeliz e que pode ser desencadeado se a mulher se relacionar com homens que façam alguma coisa que elas considerem errada, é apertar um gatilho e tudo vem à tona.

Outro aspecto que a autora fala é que a cultura em que vivemos valoriza o amor problemático, não correspondido. No dia a dia, o sentimento é cultuado como algo doloroso, complicado de se viver e que só assim é que é bom. Basta prestar atenção nas letras das músicas, reparar os filmes e perceber essa observação da autora. Tudo leva a crer que amar é sofrer, mas Robin Norwood ressalta que não é assim.

COMO O MADA FUNCIONA?

O Grupo Mada não é uma entidade religiosa, mas que acredita em um Poder Superior que pode ajudar a resolver problemas, a crença vai de cada uma. Os encontros são semanais, é uma terapia em grupo que serve de reflexão:

-Na Barra, temos duas reuniões por semana. Todas ficam em uma sala, são cerca de 15 mulheres, e ali cada uma vai contando sua história, sem receber conselhos, apenas ouvindo umas às outras. Quem quiser, não precisa falar nada, mas indicamos o compartilhamento das experiências com as outras, porque são pessoas que entendem o seu problema, isso traz um alívio. Através dos encontros, elas aprendem a se relacionar saudavelmente consigo e com os outros. Nossa base são os 12 passos, todos adaptados de Alcoólicos Anônimos, e a leitura do livro de Robin Norwood.

Pelo Brasil afora, existem muitas Marias e Moniques, como A. Tavares (também nome fictício), que fez de seu companheiro o centro da sua vida. Ela conta que chegou ao Mada com depressão, raiva, vontade de matar o parceiro e ao mesmo tempo queria ficar com ele.

-Quando busquei o Mada, eu queria morrer. Eu amava mais o companheiro do que eu mesma. Ficar sem ele era como um dependente químico estar longe da droga. No grupo, senti uma força muito grande ao ver outras que estavam na mesma situação que a minha. Aprendi que o foco sou eu, aprendi a melhorar minha autoestima, a valorizar minha vida e, especialmente, a aceitar as pessoas como elas são. Hoje tenho plena noção de que só posso mudar a mim mesma.

Serviço
Mada
Av. Jornalista Ricardo Marinho, 301. Capela Santa Rosa de Lima – Sala 04
Centro Paroquial Parque das Rosas
Reunião: sexta- feira das 19h30 às 21h30
Domingo das 15h às 17h
Endereço eletrônico – http://www.grupomadarj.blogspot.com.br/

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