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Finanças e felicidade

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Cada um tem uma estratégia de guardar e lidar com o dinheiro | Foto: Divulgação

O inegável aumento de renda da população observado nos últimos anos leva a um incremento de gastos por parte das famílias. O fato é que há uma demanda reprimida por determinados bens e serviços que vêm sendo sistematicamente atendida. Quem não tinha carro (uma paixão nacional), quer comprar o seu. Quem já tinha, compra o segundo para a esposa ou para o filho. A mesma lógica vale para tablets, TVs de LED e viagens ao exterior.

Uma vez suprida a necessidade de gastos com bens e serviços até pouco tempo inacessíveis para grande camada da população, a propensão marginal a consumir diminui. Se antes uma família precisava utilizar a maior parte da sua renda disponível para suprir as necessidades básicas (alimentação, moradia e transporte), hoje aquelas mesmas necessidades são supridas com uma parcela relativamente menor da renda, gerando reservas. Estas reservas tendem a ser canalizadas para poupança, no sentido amplo da palavra.

Se no passado muitas pessoas compravam automóveis com a finalidade de investir (num cenário de inflação elevada, como visto no passado, o preço de venda dos carros subia vertiginosamente em curtos espaços de tempo), hoje é crescente o número de famílias que busca o segundo imóvel para geração de renda e reserva de valor. Somado a isso há uma demanda crescente por cadernetas de poupança, fundos de investimento, títulos públicos e outras modalidades de investimento.

Outro ponto a considerar: muitas pessoas entram, ainda que informalmente, em sociedades com conhecidos e amigos, com o objetivo de gerar uma segunda ou terceira fonte de renda sem que seja necessário estar fisicamente presente no negócio. A busca por maiores retornos é saudável e deve ser estimulada. O empreendedorismo é uma característica do brasileiro. Segundo pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o Brasil possuía a maior Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) em 2010 (17,5%), quando comparado a outros 59 países.

O que precisa ser avaliado é a composição e distribuição dos investimentos e responder algumas questões básicas. Seria adequado comprar o segundo, terceiro ou quarto imóvel? É interessante ter todas as economias em caderneta de poupança? Devemos aportar parte dos nossos recursos em empresas que mal entendemos o funcionamento? A resposta para todas estas perguntas pode ser “sim”, mas também pode ser um retumbante “não”. Cada caso é único e deve ser analisado como tal.

Avaliar os resultados daquele amigo, parente ou vizinho que tem estratégias bem definidas e tentar copiar suas ações com o objetivo de auferir retornos similares não é a atitude mais apropriada. Cada pessoa tem um perfil único, anseios próprios e formas diferentes de se relacionar com dinheiro. Tudo precisa ser avaliado, não há solução pronta na prateleira. É necessário avaliar a renda líquida, a composição dos gastos familiares, número e idade dos dependentes, capacidade de contrair dívidas e tantas outras variáveis não tão fáceis de avaliar para o público em geral.

As “receitas mágicas” amplamente divulgadas precisam ser analisadas com cuidado, responsabilidade e imparcialidade. Quem disse que todas as pessoas precisam ter o equivalente a seis meses de despesas reservadas para o caso da perda de emprego? Quem falou que bolsa de valores é um investimento arriscado? Quem disse que comprar imóveis é o investimento mais seguro? Quem criou a ideia de que todos devem pagar uma contribuição mensal ao INSS, pelo teto (quando possível)? Será que todo mundo tem que ter previdência privada? E seguro de vida? Quem inventou que imóveis não perdem valor nunca? É necessário tomarmos cuidado com determinadas afirmações.

Nós brasileiros somos fortemente influenciados por um longo período de inflação galopante. Não há “verdades” a prova de falhas. Acredito na necessidade de análise detalhada e técnica na cesta de investimentos da pessoa física à luz de suas necessidades e metas. A expectativa de vida do brasileiro aumentou consideravelmente, alcançando 73,4 anos. Notemos que esta é a média, as pessoas que cuidam da saúde e das finanças vivem consideravelmente mais. O que estas pessoas farão após a aposentadoria? A terceira idade não tem que ser uma fase de enfado e lamentações. Talvez seja o momento das pessoas começarem a pensar em questões mais profundas.

O que significa felicidade, realização pessoal e qualidade de vida para você? Se você trabalha com o que gosta e se sente feliz, ótimo, caso contrário, talvez seja o momento de começar a planejar uma mudança de rumo, em maior ou menor grau, o que na maioria dos casos envolve suas finanças. Dinheiro é bom, mas dinheiro sem realização é vazio. O triste é que muitos descobrem isso apenas após os 60 anos.

Alcançar a independência financeira não significa, necessariamente, ficar rico. Temos inúmeros clientes financeiramente independentes com menos de 35 anos. Nunca é cedo demais para planejar o futuro e nunca é demasiado tarde para replanejar, as vantagens são imensas. Confira.

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