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Encenando para a vida: Teatro para crianças

Beta Brito e sua filha em "A Cinderela de Gato e Sapato"
Beta Brito e sua filha em “A Cinderela de Gato e Sapato”

 

As aulas focadas em teatro na educação infantil vêm ganhando cada vez mais força, mas isso ainda está longe de ser o ideal. Segundo estudos e opiniões especializadas, apresentar o teatro como uma disciplina é fundamental para a formação de uma criança, pois ela melhora a dicção, autoestima, combate a timidez, estimula a memória, exercita o pensamento, além de ajudar em muitas outras habilidades necessárias para um ser em formação.
Engana-se quem pensa que fazer teatro é somente para aquele que quer ser ator ou atriz. Principalmente para uma criança, o teatro traz diversão e ajuda no desenvolvimento da imaginação. Para Beta Brito, professora e produtora de teatro, estudar encenação é fundamental em qualquer educação infantil: “Para a criança pequena, o teatro não é voltado para essa ideia do querer ser ator ou atriz em si, na verdade, ele vai muito além da sala de aula. Está ligado ao psicológico, deficit de atenção, objetividade, clareza e síntese de ideias. Por isso, acredito que toda criança deveria ter esse tipo de aula, mas, infelizmente, no Brasil, ainda não é obrigatório, somente algumas escolas já o possuem na grade curricular”, conta Beta.
As escolas de teatro, através de diversas atividades em grupos ou individuais, ajudam a criança a desenvolver toda sua capacidade mental e corporal. Segundo a educadora, neuropsicóloga e psicomotricista, Rosa Prista, que também atua com linguagens infantis, os pais deveriam investir no teatro para seus filhos: “O teatro é uma arte fundamental, porque, ao vivenciar papéis diversos, a criança experimenta modos diferentes de ser e tem a oportunidade de ampliar os sentimentos frente aos fatos da vida. Ele ajuda a construir a autoimagem, desenvolve empatia, afetividade, comunicação e cooperação”, diz a psicóloga.
Em outros países, o teatro é tão importante quanto a dança, artes visuais e a música, e até já é disciplina nas escolas. “O teatro para a educação infantil tem que ser espontâneo, pois não cabem propostas prontas. Cabem materiais livres, como pedaços de pano, chapéus, maquiagem, entre outros, para deixar que elas construam sua própria fantasia. Podemos oferecer imagens de expressões teatrais, mas não devemos impor um modelo, porque nesta fase a criança está aprendendo de tudo” explica Rosa.
Apresentando o mundo teatral para as crianças de maneira correta, Beta dá suas aulas com total cuidado e carinho nas escolas em que é contratada: “Eu preparo tudo com muito amor, pensando em cada criança. Existem crianças mais tímidas, outras que não gostam de trabalhar em grupo, eu tento cuidar de cada especialidade delas e desenvolver ainda mais o potencial. Trato meus alunos como filhos e meu sonho é conseguir atingir ainda mais crianças em escolas, por isso estou sempre disponível para dar aulas experimentais. É impossível não amar”, conta, entusiasmada.
Beta já é engajada no teatro desde criança, e acredita que isso a ajudou em sua formação até os dias de hoje. Com uma filha de dois anos, ela também tenta inserir ao máximo a criança neste mundo. “Eu sempre fui muito desinibida, gostava de contar histórias e criá-las. Lembro que, quando minha filha ainda estava na barriga, eu já lia para ela. Acredito que ela já saiu da minha barriga encenando”, brinca a produtora.
Junto ao seu marido, Renato Calvet, e mais dois sócios, ela produziu A Bela e a Fera na Gávea, uma peça que ficou dois anos em cartaz e a trouxe muitos elogios. “Essa peça foi linda, todos ficavam encantados quando assistiam. Mas, para superá-la, em setembro, vamos entrar em cartaz com outra que será um passeio pelos contos de fadas, produzida por mim e meu marido. Terá a Cinderela, Branca de Neve, a Bela e por aí vai, mas eu serei a rainha má, ao redor de quem toda a história irá girar”, revela Beta.
Além dessas, Beta também se dedica ao Projeto Escola, produzindo peças para crianças em colégios. A mais pedida é a Fada Azul e a Arca de Noé: “Essa peça é uma graça, ela é voltada para a primeira infância, ou seja, crianças de até seis anos. Resumindo, são três fadas que contam a história da arca de Noé, as escolas pedem muito essa peça”, conta.
De acordo com alguns estudos, a melhor idade para começar a praticar o teatro é ainda na infância, com cinco anos ou menos. Segundo a psicóloga Rosa, o diferecial de uma criança que o pratica é visível: “É fácil ver pela expressão franca da criança, pelo sorriso e, acima de tudo, pela facilidade nas relações. Quanto mais estímulo contextualizado ofertamos à criança, mais recursos terá para enfrentar a vida”, explica.

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