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“Se for para sofrer, que seja por falta de cerveja não de amor” Douglas Michell – Parte 2

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A cerveja tem para os belgas a mesma importância que os vinhos têm para os franceses | Foto: Flickr /cogdog

Por não terem as restrições da Alemanha com sua a Lei da Pureza, os Belgas sempre usaram ervas, especiarias e frutas em suas cervejas. Com isso, a variedade de sabores e estilos é grande por aqui. São mais de 25, sem contar as variações regionais. Assim como em outros países da Europa, as instituições católicas tiveram e tem até os dias de hoje suma importância para a cerveja Belga. Uma classe de cervejas monásticas se destaca: a Ordem Trapista (Ordem dos Cistercienses Reformados de Estreita Observância). Vivendo sob regras rígidas, os monges Trapistas cumprem três votos ao pé da letra: pobreza, castidade e obediência. Com isso, as cervejas produzidas nos mosteiros e sob a supervisão dos religiosos não têm o propósito de dar lucro. O dinheiro obtido por eles serve apenas para manter o funcionamento das abadias e alguns serviços de caridade pelo mundo. De todos os mosteiros Cistercienses espalhados pelo mundo, apenas nove elaboram as cervejas Trapistas. Seis deles estão na Bélgica: o Chimay, Orval, Westmalte, Rochefort, Achel e Westvleteren. É da abadia de Westvleteren que saem as melhores cervejas do mundo, unanimidade entre todos os especialistas.

As outras abadias que produzem cervejas Trapistas são La Trappe na Holanda, Mont de Cats na França e Stift Engelszell na Áustria. Aí surge a pergunta: por que vemos tantas cervejas de abadia no mercado? A explicação é simples, toda cerveja Trapista é uma cerveja de abadia, mas nem toda cerveja de abadia é uma cerveja Trapista. As cervejas “tipo Abadia” são inspiradas nos estilos tradicionais dos monges Cistercienses, mas não são necessariamente produzidas por eles.

A maioria das cervejas produzidas no país são de estilo Ale (alta fermentação), mas com o passar do tempo algumas Lagers (baixa fermentação) começaram a cair no gosto dos belgas, porém uma entre elas obteve maior sucesso: a Stella Artois. Em 1920, a Stella já dominava o mercado por mais de séculos.

São muitos os estilos de cervejas produzidos na Bélgica, então selecionamos alguns dos mais encontrados por aqui. A “Witbier” é a cerveja de trigo belga, com adição de cascas de laranja e sementes de coentro em sua composição. Altamente refrescante. “Belgican Pale Ale” tem predominância de maltes levemente caramelizados e possuem caráter frutado. Agora na moda, as “Saisons” eram produzidas nos meses mais frios, o que possibilitava a correta fermentação, e proviam o resto do ano. Sua cor bronze é bastante característica, apresentam aromas de ervas e frutas, e o paladar vivo e purificante.

Entre as cervejas belgas encontradas no Brasil, o sonho de consumo dos amantes da bebida é a Deus, elaborada pela família Bosteels, na cidade de Buggenhout. A cerveja Deus faz parte do estilo nomeado “Bière Brut”, essas cervejas são de alta fermentação e depois fermentadas na garrafa com leveduras de champagne. Assim como os champagnes, elas sofrem o processo de rémuage e dégorgemant. Delicadeza, complexidade de frutados e especiarias suaves, aliada à elegância e colarinho, proporcionam uma experiência inesquecível, assim como um grande champagne.

As “Belgas Diabólicas”, durante séculos produzidas nas abadias católicas, são alcoólicas e de muita personalidade. A Duvel é um bom exemplo desse estilo. Quando foi produzida pela primeira vez, um funcionário falou: “é o diabo em forma de cerveja”. Capaz de fazer qualquer um cair em tentação. Daí o nome Duvel que remete à palavra flamenga “o coisa ruim”. O segredo dessas cervejas está na escolha do malte claro, lúpulos de Saaz e Styran de maravilhosa fragrância e em longos períodos de fermentação quente e fria.

Esses são apenas alguns dos estilos de cervejas incríveis produzidas na Bélgica.

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